Calcutá

Só nos lembramos daquela antiga ideia de reservar alojamento, que foi posta em prática em Yangon, (link para o primeiro post de yangon) quando é tarde demais! O tarde-demais normalmente é quando já vimos 3 alojamentos, nenhum nos agradou ou estão cheios, já estamos cansados de carregar as mochilas e começa a ficar de noite!

Na Índia, por regra, lembramos-nos mais cedo, pois há sempre novos esquemas a serem postos em prática!

Tomemos como exemplo Calcutá:

Esquema 1) Aterrámos, vindos de Bangkok, por volta das nove da noite. Decidimos ainda dentro do aeroporto fazer um pré-pagamento do táxi para o destino pretendido no centro de Calcutá. Com isto garantíamos que já não nos tínhamos que chatear a negociar preços, destinos ou que taxista escolher (dentro de um leque de mais de 15 em nosso redor!). Tudo perfeito, com o ticket do pré-pagamento em nossa posse ninguém nos abordou até chegarmos ao primeiro táxi da fila, onde entregámos o ticket e dissemos o destino. Já dentro do táxi o condutor pede-nos para confirmar a rua, liga o motor e arranca. No entanto, após literalmente 5 metros percorridos, pára o carro, vira-se e pede-nos uma gorjeta, dando a entender que o dinheiro do “pré-pagamento” não ia para ele. Inocentemente ainda lhe respondemos que ele só podia estar maluco, para ele arrancar e talvez no final da viagem logo se viria se merecia ou não! Mas ele nem arrancou nem desligou o motor e continuava a insistir em qualquer gorjeta, qualquer uma que fosse. Isto foi coisa para ter demorado 2 minutos, e acabou com o verdadeiro taxista a aproximar-se do carro e o nosso “condutor” a sair :) A viagem até ao local pretendido foi uma tranquilidade.

Esquema 2) Chegamos ao nosso destino, numa rua num bairro com alojamentos em conta, e começamos a nossa busca por um quarto para dormir. Ainda nem colocámos as mochilas às costas e já temos 3 senhores para nos dar indicações e nos levar ao hotel que pretendermos. Dois deles desistem após um veemente “No, Thanks!”. O outro, o resistente (ou persistente, há sempre um!), continuou a sussurrar ao nosso ouvido durante toda a nossa busca (que durou 45 minutos, passou por duas recepções de hotéis diferentes, conversas particulares e em português entre nós, 3 negociações de preço/noite, dois becos e uma rua principal!). No final ainda nos pediu uma gorjeta! Nós rimos-nos!

Agora não digam que nós não temos calma…e sentido de humor!

Ficámos 2 dias em Calcutá. Deu para apreciar as longas e largas avenidas da cidade, viver o dia-a-dia nos transportes locais (metro e autocarros públicos), saborear a deliciosa gastronomia regional, visitar os prédios históricos e descansar nos jardins desta cidade. Por outro lado também deu para começar a perceber melhor o tipo e dimensão de pobreza na Índia, da sociedade e suas “normas”.

Para o segundo dia que íamos visitar a cidade de Calcutá estava convocada uma greve em protesto contra o elevado custo de vida. Curiosamente, apesar habitarem mais de 14.5 milhões de pessoas nesta cidade de 185 km2, e naturalmente ela ser caótica, no dia da greve a cidade ficou deserta. Eram avenidas, ruas ou ruelas, rotundas ou cruzamentos sem qualquer transito ou pessoa a circular. Calcutá naquele dia, até às 18 horas, foi uma cidade fantasma, e maravilhosa!

Yangon e Bangkok

Tínhamos feito o pedido para o visto da Índia mal chegámos à Birmânia, agora competia-nos ir busca-lo. Tudo pronto e de acordo com os nossos requerimentos, válido para 6 meses e com direito a duas entradas. A Birmânia por agora estava vista pelo que iniciamos as despedidas ”da terra dos monges”.

Feito o último passeio pelas ruas de Yangon, na madrugada seguinte voámos para Bangkok.

A nossa capital preferida do Sudoeste Asiático é assumidamente Bangkok. Visitámo-la mais de 5 vezes e todas elas foram experiências distintas. Numa comparação custo/qualidade, para nós, não há melhor. Para despedida decidimos não visitá-la mais. Durante 3 dias vagueamos pelos mercadinhos, fomos comendo pelas “tascas” da esquina e descansámos.

E bem que descansámos, pois a Índia está à porta!

Bagan

Sem alternativas, a viagem de autocarro (local) de Inke Lake até Bagan teve que ser feita de madrugada! Foram 223 km, ou melhor, umas 10 horas um bocado penosas, principalmente porque começaram as 4 da manhã!

Á chegada de Bagan esperava-nos a Policia/Exercito para pagar a “tourist tax” para visitar a região, no valor de 10Usd cada. Aparentemente um “imposto” também exigido para a região de Inke Lake, mas sorte a nossa que eles lá só trabalham das 7h às 19h.! Parece que viajar de noite às vezes compensa!

Bagan, considerada Património Mundial da Unesco, é uma região de tem… wait for it… plos!

São mais de 2000 templos, pagodas e mosteiros espalhados por uma área de mais de 50km2 pelo que, para não variar muito aqui na Birmânia, tivemos que alugar umas bicicletas para os visitar.

O passeio de bicicleta foi do mais agradável, quanto aos templos digamos que… quem vê 3 ou 4 vê todos :)

Inle Lake

“Esta coisa de fazer as viagens de autocarro à noite para se poupar o dinheiro da dormida tem muito que se lhe diga. É que das 5 da manhã até ao meio-dia ainda é mais meia dúzia de horas.” – este foi o nosso pensamento quando o autocarro nos deixou no meio de uma deserta e escura estrada dizendo-nos que aquela era a nossa paragem!

Bom, Mou Man Tai. Orientámos boleia até Nyaungshwe (a vila mais próxima daquela “estrada principal”, e às 6 da manhã já tínhamos quarto para descansar. O ponto alto desta chegada foi o nosso hotel considerar 6 da manhã um “early check in”; o ponto menos positivo foram os 4° que nos fizeram quase entrar em hipotermia durante a viagem de mota até ao hotel.

Tal como em Mandalay decidimos neste primeiro dia, após um pequeno descanso, alugar umas bicicletas e passear pela vila e arredores. A vila ainda conhecemos, quanto aos arredores ficámos na primeira paragem – na Red Mountain Estate, onde apreciamos uma boa selecção de vinhos da região.

A Tour pelo Inke Lake foi alegremente realizada durante todo o segundo dia. Foi sol-a-sol a ver mercados, aldeias (algumas flutuantes) e a observar os nativos nas suas actividades diárias.

                       

Uma coisa, para nós , é certa: esta região para descansar é do melhor.

Mandalay (Via Yangon)

A partida estava agendada para as 21h pelo que estava previsto chegar a Yangon pelas 23h. Decidimos por bem reservar um alojamento para garantir uma chegada ao Myanmar tranquila. A ideia não era nova… mas foi a primeira vez que a colocamos em prática ( e não é que resulta!!!). Sem preocupações nesta primeira noite, ainda tivemos tempo e disposição para bebermos umas cervejinhas num bar local.

O segundo dia estava já planeado há muito tempo, de manhã mandar fazer o visto para a Índia, pelo almoço encontrarmo-nos com o nosso amigo Ciro Rendas e no final da tarde seguir viagem até Mandalay (10 horas de autocarro!). Tudo correu como previsto, com a pequena diferença de que as 10 horas foram efectivamente 12.

Apesar de termos chegado um pouco cansados a Mandalay, ainda alugamos umas bicicletas para conhecer aquela que foi uma das 11 capitais do Myanmar. Ora, como “Mandá-Lei” … quem semeia ventos colhe tempestades. Foi o dia todo a pedalar, subir montes e visitar templos. Para primeiro dia foi muito bom e produtivo, teria sido igualmente agradável se não estivessem 42 graus.

Mandalay, depois daquela maratona, estava vista. Pelo que optamos no segundo dia visitar os “highlights” das cidades em redor: Sagaing, Inwa e Amarapura. Nesta grande tour, em que cada um de nós ia à pendura do seu motoqueiro, parámos em mosteiros, visitámos templos e “conhecemos” os budas mais famosos da região. O descanso dos guerreiros foi em Amarapura a contemplar o pôr-do-sol, enquanto os monjes se faziam passear sobre a “U Bein’s Bridge” (a ponte de madeira mais comprida do Mundo)!