Pokhara e o trekking pelos Himalaias

Ou muito nos enganamos, ou no Nepal tudo é um highlight. Até a viagem de autocarro de Tansen até Phokara, que leva 7 horas para percorrer 122 km, é por si só uma experiência gratificante. Não que os bancos sejam confortáveis (nós nem sequer tínhamos lugar para sentar), mas sim pelas paisagens espectaculares que a Siddhartha Highway proporciona. É uma estrada que contorna as montanhas Himalaias e atravessa alguns dos seus vales. Nós, por os lugares irem todos ocupados, fizemos a viagem toda sozinhos em cima do tejadilho do autocarro. Com as malas e mercadorias a fazem de Chez-longs, musica nos ouvidos, vento a bater na cara e uma visão de 360º para a cordilheira dos Himalaias…. o que é que se pode pedir mais? Só se fosse um bitoque com uma imperial fresquinha! E pimba, sem pedirmos, Pokhara deu-nos! Deu-nos boas refeições de carne, um ambiente mou man tai, bom alojamento e paisagens de postal.

Decididos a descansar aqui uma temporada, planeámos fazer nos primeiros dias um trekking nas montanhas de Annapurna. Dado que o trekking é a actividade mais popular no Nepal optámos por escolher um trilho que demoraria 5-6 dias a percorrer.

O registo do trekking:

Partida
Chegada
Tempo
Km
Altitude
Dia 1
Naya Pul
Birethanti
30m
2
1070m a 1025m
Birethanti
Landawali
1h
3
1025m a 1160m
Landawali
Tikedhunga
1h20m
4
1160m a 1520m
Dia 2
Tikedhunga
Ulleri
1h30m
2
1520m a 2020m
Ulleri
Banthanti
1h40m
2
2020m a 2210m
Banthanti
Nanggethanti
2h00m
2
2210m a 2430m
Nanggethanti
Gorephani
1h00m
2
2430m a 2860m
Dia 3
Gorephani
Poon Hill
1h15m
1,5
2860m a 3210m
Poon Hill
Gorephani
45m
1,5
3210m a 2860m
Ghorepani
Deurali
2h30m
2
2860m a 3210m
Deurali
Banthanti
1h30m
2
3210m a 3180m
Banthanti
Tadapani
1h30m
7
3180m a 2630m
Tadapani
Ghandruk
2h30m
6
2630m a 1940m
Dia 4
Ghandruk
Kimchi
1h30m
2
1940m a 1640m
Kimchi
Syauli Bazar
1h00m
3
1640m a 1220m
Syauli Bazar
NayaPul
2h00m
6
1220m a 1070m
Total
23h30m
48

O resultado foi o seguinte:

Chegámos do trekking no dia 11 de Abril. 2 dias depois conseguimos sair da cama para ir jantar fora. :) É certo que o corpo se queixou, e muito! Mas os caminhos que percorremos, as vilas por onde passámos, as paisagens de tirar o fôlego e o desafio que ultrapassámos…fazem desta actividade algo a repetir. Só há umas arestas a limar, como por exemplo: Contratar um porter para levar as nossas malas e levar algo mais do que um casaquinho (é que a 3000 mt tá fresquinho!)

Nos últimos dias em Phokara, planeámos o resto da viagem, falámos com a família e actualizamos este pequeno diário.

Ontem, dia 13 de Abril, foi o primeiro dia do ano novo para os Nepalezes (Bisket Jatra), e o aniversário do Director de S.I. deste site/irmão/cunhadinho-querido/Tiago a quem desejamos tudo do melhor.

Amanhã seguimos para Kathmandu!

Tansen

Eram 19 horas do dia 2 de Abril quando apanhamos o comboio em Nova Deli. Pela mesma hora no dia 3 estávamos à procura de alojamento em Tansen, no Nepal. Pelo meio passamos 14 horas num comboio, 3 horas num jeep e outras 4 num autocarro local! A chegada ao Nepal não foi nada fácil, mas valeu a pena!

 

Tansen é uma pequena vila situada no centro do Nepal, a 1300m de altitude, rodeada por montanhas, com poucos turistas e sem qualquer confusão. Para lá chegar não é complicado, mas também não é rápido. Certo é que as 4 horas que demorámos a fazer os 45km num autocarro local, por entre as estreitas estradas montanhosas, foi um respirar de ar puro após a saída da Índia. Em Tansen descansámos, passeámos pelas inclinadas ruas da cidade e fizemos o nosso primeiro trekking pela Cordilheira dos Himalaias. O Nepal começou bem, e promete acabar melhor!

Deli com passagem em Pushkar

No norte da Índia, pelo menos por onde andámos, não é fácil comer algo não vegetariano! Há um mês que a nossa dieta se resume a arroz, caril de lentilhas, batatas ou vegetais e a tradicional chapati. Proteína que é bom… tem sido obtida pelos ovos ao pequeno almoço e chocolates ao deitar :) A carne de vaca é proibidissima (a roçar para o criminal), a de porco idem aspas-aspas e a de frango sabe mal e encarece substancialmente a refeição! Por outras palavras… há cerca de um mês que os nossos sonhos e desejos passam muito pela vasta e rica gastronomia do rectângulo.

Em Pushkar não só não há carne como também são proibidos os ovos! Por ser uma das cidades importantes para os Hindus ( que devem visita-la pelo menos uma vez durante a sua vida) é 100% vegetariana. Sorte a nossa que esta pequena cidade se está a virar para o turismo. Assim, para além do seu lago sagrado, os templos e ghats…também já se consegue arranjar uma omelete no “mercado negro”! O centro turístico da cidade é agradável e tranquilo, com imensas lojas tradicionais e animação de rua, mas a esperança de encontrar uma comida mais “composta” em Deli fez-nos aqui ficar apenas um dia.

Em Deli, a Índia mudou! Aliás, nós mudámos! A expectativa era passar apenas 2 dias na capital de modo a tratar da logística para o Nepal, ficar com uma ideia da cidade e fugir do caos previsível. Mas mais uma vez as expectativas saíram furadas, e ainda bem!

Ainda em Pushkar tínhamos aceite o gentil convite da nossa amiga Sónia para ficar na sua casa em Deli, algo que não deu para recusar. E que convite que foi! Não dá para descrever, mas tentem imaginar aquelas férias no Club Med (independente do local) em que o grande highligts das férias é o Club Med. Ora a casa da Sónia e do Mark não é o Club Med, … é melhor! Fomos recebidos como convidados de honra, com direito a suite, motorista, visita guiada pela cidade, refeições ocidentais e caseiras e… um churrasco, com uma suculenta carne de vaca, costeletas de porco, acompanhamento de salada de alface e tudo muito bem regado com cerveja, vinho, champanhe e excelente ambiente! Nunca engordar nos tinha dado tanto prazer. Os 5 dias em Deli não podiam ter sido melhores. Custou voltar a meter a mochila às costas, e por isso muito estamos agradecidos aos nossos anfitriões.

Jaisalmer e o deserto.

A actividade turística em Jaisalmer resume-se aos safaris de camelo pelo deserto e, nos entretantos, à visita do Forte da cidade. O Forte tem vida própria, lá dentro funciona uma vila quase independente da cidade lá fora. Com hotéis, restaurantes, comercio e ruelas limpas e animadas, o forte de Jaisalmer faz da preparação para o deserto um agradável momento.

Por outro lado, o deserto… é deserto! Decidimos embarcar na aventura de andar num camelo durante 3 dias. O objectivo cumpriu-se apesar com algumas mazelas para o corpo. Mas enfim, os incómodos causados pelo andar do camelo e o calor foram dissipados pelas aldeias e paisagens com que éramos brindados. O ponto alto foi de longe a companhia dos nossos condutor-de-camelos e as duas dormidas ao relento, a 30km do Paquistão, no meio das dunas de areia, sob o céu estrelado do Grande Deserto do Thar.

Jodhpur

A caminho do deserto decidimos fazer uma paragens para visitar a cidade-azul. Ficámos alojados numa das ruelas labirintas da cidade antiga, que fica aos pés do Forte Mehrangarh e dentro das muralhas. Foi esta zona vibrante da cidade de Jodhpur que fez com que ficássemos cá mais tempo do que o previsto. Com a subida e visita ao forte, os passeios pelos bazares e as comidas de rua, em Jodhpur, voltámos a ganhar ritmo, essencial para o deserto!