Mumbai

Escusado será referir que após as 16 horas de autocarro que demorámos a cá chegar a nossa vontade para visitar a cidade era muito pouca e, para mais, a nossa vontade e ansiedade para chegar a África do Sul estava a chegar aos limites do insuportável. Basicamente tínhamos um dia para ficar com uma ideia de Mumbai, e não conseguimos (para dizer a verdade, também não nos esforçamos!). No entanto ainda passeamos pela zona de Colaba, acabando numa tentativa frustada de ver um filme de bollywood no cinema.

Há dias assim, em que se pensa mais no amanhã do que no hoje!

Panaji

Panaji é a capital de Goa. Com as suas casas coloniais, ruas e estabelecimentos comerciais com nomes Portugueses ou referências a Portugal, casinos ao longo da margem do rio e com as suas centenárias igrejas em Old Goa faz desta cidade, limpa e asseada (algo raro neste país), a mais agradável que visitámos no sul da Índia. O nosso alojamento foi num anexo da casa do Sr. Domingos. Ele e a sua mulher receberam-nos como ninguém, com bolinhos, chá, dicas e indicações, conversámos em português durante toda a nossa estadia. No final agradecemos as lembranças que nos deram e os agradáveis serões que proporcionaram. Não fosse o calor insuportável e Panaji tinha sido perfeita :)

Faltavam 2 dias para o nosso voo em Mumbai e 500 km para lá chegar.

Em busca da praia perdida. Gokarna, Palolem, Anjuna e arredores.

No estado de Goa há praias ao longo de toda a costa. Dá para ver todas mas, apesar de termos tentado, nem lá chegamos perto. A estratégia foi separar a zona sul da zona norte de Panaji (Capital de Goa). A primeira aposta não foi das melhores, dado que não achamos a praia de Gokarma (e o seu ambiente) muito interessante.

No dia seguinte já estávamos em Palolem e aqui sim, fizemos bingo. Dormimos, comemos e passámos os dias na praia. Num dos dias alugámos a mota da praxe e visitámos o Forte da Rama e as praias ao redor. O Sul marcou pontos, estava na hora de ver como eram as praias a norte de Panaji.

Anjuna foi a nossa base a norte. Uma praia não tão agradável como Palolem mas com grande potencial para festas mais alternativas. Nós não fomos para as festas, pelo menos não a todas, pelo que os dias eram preenchidos a visitar outras praias, como a praia de Vagator, Arambol, Calanguete, Aguada e o seu (nosso) forte.

As noite…bom, numa dela estava lua cheia :)

Kochi

Não é que tivéssemos fartos de praia, bem pelo contrário, no entanto, dado que a primeira estadia balnear da Índia impressionou, decidimos apenas passar 4 dias em Varkala na esperança de conseguirmos ver outras praias.

Mas antes da praia não podíamos deixar de conhecer as Backwaters de Kerala. De manhã cedo saímos de Varkala com o propósito de apanhar o Ferry Boat em Alleppey até Kottayam, de modo a navegarmos cerca de 25 km das muito mais extensas águas salgadas de Kerala. É uma viagem que vale a pena pelas aldeias e vegetação ao longo das margens. Nesse dia a chegada a Kochi já foi pela noite dentro e com uma chuva miudinha. Arranjar alojamento à noite já é complicado, à 1 da manhã, a chuviscar, e após uma dia inteiro em viagem ainda é mais. Mas, como em todo o lugar, um pouco mais na Índia, “money talks”!

Kochi é uma ilha bem preservada, com imensos prédios coloniais portugueses e as suas (nossas) igrejas (a Basílica de Santa Cruz foi inclusive restaurada na década passada com o significativo apoio da fundação Calouste Gulbenkian). Para visitarmos a zona alugamos uma motita e varremos tudo que tinha influência Lusitânia.

Ao final de um par de dias culturais achámos que estava na hora de relaxar um pouco, as praias de Goa esperavam por nós!

Varkala

Em vez de 8 horas de autocarro, 14 de comboio e 4 de avião, optámos por 2 voos de 2 e 4 horas para fazer a distância entre o Nepal e o estado de Kerala, no sul da Índia. Certo que gastámos um pouco mais do que o previsto, mas poupamos no tempo e principalmente no corpo. :)

O nosso último voo chegou já pela noite dentro, o que nos obrigou a pernoitar em Trivandrum. Mas, ansiosos por calor e praia (digamos que uma visita ao Nepal, apesar de espetacular, não é propriamente um descanso!) arracámos logo pelo nascer do dia em direcção a Varkala. A partir desde momento não há muito para dizer. Os 4 dias seguintes resumiram-se a acordar em frente à praia, dar o mergulho matinal enquanto se toma o pequeno-almoço na areia quente, descansar a pele dos raios solares nas esplanadas situadas no topo da falésia e voltar para a praia de modo a podermos refrescar-nos de 5 em 5 minutos, nas ondas do índico. Em Varkala a perceção da Índia começou a mudar, o sol aqueceu-nos a alma e a comida confortou-nos o estômago.

Não nos restavam muitos dias até ao nosso voo em Mumbai, mas tudo dava a entender que não iriam ser nada maus!

Deli com passagem em Pushkar

No norte da Índia, pelo menos por onde andámos, não é fácil comer algo não vegetariano! Há um mês que a nossa dieta se resume a arroz, caril de lentilhas, batatas ou vegetais e a tradicional chapati. Proteína que é bom… tem sido obtida pelos ovos ao pequeno almoço e chocolates ao deitar :) A carne de vaca é proibidissima (a roçar para o criminal), a de porco idem aspas-aspas e a de frango sabe mal e encarece substancialmente a refeição! Por outras palavras… há cerca de um mês que os nossos sonhos e desejos passam muito pela vasta e rica gastronomia do rectângulo.

Em Pushkar não só não há carne como também são proibidos os ovos! Por ser uma das cidades importantes para os Hindus ( que devem visita-la pelo menos uma vez durante a sua vida) é 100% vegetariana. Sorte a nossa que esta pequena cidade se está a virar para o turismo. Assim, para além do seu lago sagrado, os templos e ghats…também já se consegue arranjar uma omelete no “mercado negro”! O centro turístico da cidade é agradável e tranquilo, com imensas lojas tradicionais e animação de rua, mas a esperança de encontrar uma comida mais “composta” em Deli fez-nos aqui ficar apenas um dia.

Em Deli, a Índia mudou! Aliás, nós mudámos! A expectativa era passar apenas 2 dias na capital de modo a tratar da logística para o Nepal, ficar com uma ideia da cidade e fugir do caos previsível. Mas mais uma vez as expectativas saíram furadas, e ainda bem!

Ainda em Pushkar tínhamos aceite o gentil convite da nossa amiga Sónia para ficar na sua casa em Deli, algo que não deu para recusar. E que convite que foi! Não dá para descrever, mas tentem imaginar aquelas férias no Club Med (independente do local) em que o grande highligts das férias é o Club Med. Ora a casa da Sónia e do Mark não é o Club Med, … é melhor! Fomos recebidos como convidados de honra, com direito a suite, motorista, visita guiada pela cidade, refeições ocidentais e caseiras e… um churrasco, com uma suculenta carne de vaca, costeletas de porco, acompanhamento de salada de alface e tudo muito bem regado com cerveja, vinho, champanhe e excelente ambiente! Nunca engordar nos tinha dado tanto prazer. Os 5 dias em Deli não podiam ter sido melhores. Custou voltar a meter a mochila às costas, e por isso muito estamos agradecidos aos nossos anfitriões.

Jaisalmer e o deserto.

A actividade turística em Jaisalmer resume-se aos safaris de camelo pelo deserto e, nos entretantos, à visita do Forte da cidade. O Forte tem vida própria, lá dentro funciona uma vila quase independente da cidade lá fora. Com hotéis, restaurantes, comercio e ruelas limpas e animadas, o forte de Jaisalmer faz da preparação para o deserto um agradável momento.

Por outro lado, o deserto… é deserto! Decidimos embarcar na aventura de andar num camelo durante 3 dias. O objectivo cumpriu-se apesar com algumas mazelas para o corpo. Mas enfim, os incómodos causados pelo andar do camelo e o calor foram dissipados pelas aldeias e paisagens com que éramos brindados. O ponto alto foi de longe a companhia dos nossos condutor-de-camelos e as duas dormidas ao relento, a 30km do Paquistão, no meio das dunas de areia, sob o céu estrelado do Grande Deserto do Thar.

Jodhpur

A caminho do deserto decidimos fazer uma paragens para visitar a cidade-azul. Ficámos alojados numa das ruelas labirintas da cidade antiga, que fica aos pés do Forte Mehrangarh e dentro das muralhas. Foi esta zona vibrante da cidade de Jodhpur que fez com que ficássemos cá mais tempo do que o previsto. Com a subida e visita ao forte, os passeios pelos bazares e as comidas de rua, em Jodhpur, voltámos a ganhar ritmo, essencial para o deserto!

Udaipur

Se achamos Jaipur tranquilo, Udaipur parecia um mundo à parte. Tivemos que abordar um taxista sem qualquer pressão de outros, por sua vez este não discutiu o preço e durante o trajecto nunca falou ou nos tentou levar a outros destinos. Não estávamos acostumados a isto, alias, para dizer a verdade, já nem sabíamos lidar com essa situação! Enfim… foi muito bom.

A cidade que foi popularizada com o filme do James Bond, Octopussy, foi a primeira onde encontramos completo descanso. Para nós a cidade resumiu-se a uma vila junto ao lago Pichola, ao seu Palácio e às estreitas ruelas, limpas e coloridas repletas de pequeno comércio. Vale a pena visitar Udaipur, pode-se descansar da caótica Índia, comendo bem e descontraidamente.

Jaipur (via Gwalior – Jhansi)

Após uma noite muito mal dormida em Jhansi (o mais caro e pior quarto da Índia até ao momento!) lá conseguimos chegar a Jaipur, com direito a almoço em Gwalior durante as 3 horas de transferes de comboio.

Sabendo à partida que Jaipur é a capital do maior Estado da Índia, esperávamos a típica confusão dos taxistas e tuc-tucs. Eram 11 da noite quando saímos da estação dos comboios e nos esperavam mais de uma dúzia de taxistas a gritar à nossa volta (contámos 15, mas eram mais!) Feitas as normais diligências conseguimos ficar hospedados num simpático hotel no centro da cidade para descansarmos da viagem.

O dia seguinte, o de visita à cidade, foi uma simpática surpresa. Não só achámos Jaipur bastante interessante como, principalmente, muito tranquila quando comparada com Varanasi, Agra ou Calcutá. A visita ao Palácio da Cidade e a subida ao Iswari Minar Swarga Sal valeram bem a pena, mas foram os passeios pelas ruas e bazares da cidade cor-de-rosa que fizeram de Jaipur a primeira cidade mais moumantai que encontramos até então.

Assim, o Rajastão promete!